12.21.2006

Batalhão 32


Honestidade, Lealdade e Justiçapara quem?

É esse o lema sob o qual agiu o 32º Batalhão, também conhecido como Batalhão Búfalo, animal que é seu símbolo.

Nada de extraordinário haveria se toda essa prosopopéia não escondesse a verdadeira vocação dos Búfalos: a de mercenários de guerra.

Criado como unidade de elite da South African Defence Force (SADF), transformou-se, a partir de 1975, numa máquina de matar civis. Suas incursões à Namíbia e ao Sul de Angolasob o pretexto de capturar membros do então movimento independentista da Namíbia, SWAPO – deixou para trás centenas de mortos, como na Operação Savana, em 1975, ou na Batalha do Cuito-Cuanavale, em 1987-1988.

O Batalhão “dos terríveis”, como ficaram igualmente conhecidos, deixou de ser parte da SADF em 1989, na sequência do esfacelamento da URSS, e da independência da Namíbia, mas não por isso deixaram de intervir pessoalmente em conflitos locais africanos, tendo o seu nome envolvido em golpes de Estado e guerras fratricidas.

Os seus membros publicaram, e atualizam, um site na internet, onde é possível traçar a trajetória das guerras levadas a cabo por eles, bem como todo o discurso que desenvolveram ao longo dos anos para justificar a violência que praticam.

É espantoso, mas é preciso conhecer para combater.

Para quem tiver estômago, o endereço é http://www.32battalion.net/

11.28.2006

para bom entendedor... uma letra de música basta




Vai meu irmão/ Pegue esse avião/ Você tem razão/ de correr assim/ Desse frio mas veja/
O meu Rio de Janeiro/ Antes que um aventureiro lance mão/ Pede perdão/ pela duração/ dessa temporada/ Mas não diga nada/ que me viu chorando/E pros da pesada/ diz que eu vou levando/ Vê como é que anda/ aquela vida à toa/ E se puder me manda/uma notícia boa
(música da semana: "samba de orly", chico buarque)

11.20.2006

L'Immeuble Yacoubian


O filme tem quase três horas de duração, e quando acabou saí do cinema e já tinha saudades dos personagens... aquela sensação estranha de “talvez não nos vejamos nunca mais” (o que garante que um filme egípcio, por mais cara que seja a sua produção, tenha versão em DVD???).

Tudo é delicioso em L’Immeuble Yacoubian, e mesmo a maldade não dói como as outras, de outros filmes. O homem é corrupto, rico numa sociedade de pobres, faz acordos com japoneses (que no filme parece ser uma coisa um tanto suspeita!), tem filhos gordos e uma família que vive de aparências, mas cheguei a me afeiçoar a ele quando da sua busca por uma segunda esposa, e compreendi o seu desejo de ter alguém que ainda o quisesse como o homem que a sua primeira mulher rejeitava.

Depois ele acaba por exagerar na dose de pequenas maldades... e mesmo assim, não chegas nunca a odiá-lo.

Aliás, talvez seja isto: nenhum personagem do filme provoca raiva ou ódio. Há alguns que são talmente humanos que chegam a ser repugnantes, nojentos mesmo, mas não muito mais do que isso...

E depois há o filho do pachá... interpretado pelo ator egípcio Adel Imam, que não é exatamente bonito - saí do cinema absolutamente caída de amores por ele! Me permitirei uma frase romântica que poderia ser proferida por minha bisavó: “não se fazem mais homens como antigamente!!!!” (suspiros...).

Frase do filho do pachá, um homem com cerca de 65 anos de idade: “todas as mulheres que eu tive foram felizes, mesmo as que vieram por dinheiros eu nunca as obriguei a nada que não quisessem fazer”... e depois “la vie en rose” num hotel de luxo com decoração decadente no Cairo...

Que maravilha! Não percam! E depois, reparem no sorriso do senhor... é daqueles de sorrir junto... (mais suspiros).

11.01.2006

O fim do “Grande Crocodilo”



Morreu hoje Pieter Willelm Botha. Li a notícia de sua morte com espanto – como pode um homem que fez tanta gente sofrer ter o prazer de morrer dormindo?

Botha nasceu no Estado Livre de Orange, a 12 de janeiro de 1916, e foi um dos homens políticos mais importantes do apartheid sul-africano: desempenhou a função de Ministro da Defesa por 14 anos – de 1966 a 1980; de primeiro-ministro, de 1978 a 1984; e de presidente da república, de 1984 a 1989, quando foi obrigado a se demitir para dar lugar a Frederik de Klerk, o homem do Partido Nacional que liberou Nelson Mandela (e de quem Mandela teve que apertar a mão...).

Sua carreira política esteve sempre vinculada a defesa da segregação racial, com o intuito maior de proteger as liberdades e os direitos da população afrikaner a qual pertencia.

Foi ele também quem comandou a coluna do exército sul-africano que pretendia impedir o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de declarar a independência de Angola, em Luanda, apoiado pelo governo norte-americano de Gerald Ford, então preocupado com a extensão da influência soviética na região. No entanto, a ajuda cubana e soviética ao MPLA frearam as tropas de Botha antes que alcançassem a capital.

Em dezembro de 1975, o congresso norte-americano publica uma emenda que retira a ajuda financeira aos oponentes do MPLA angolano. Botha é obrigado a recuar, mas continua apoiando logisticamente, pelo menos até a década de 1980, a UNITA, movimento opositor ao governo angolano.

A ONU impõe embargos comerciais a África do Sul em 1977, mas, sob o comando de Botha, em 1978 o país aparece como o 11º principal fabricante de armas do mundo, e dispõe de sua primeira bomba atômica em 1979.

Botha manteve até seus últimos dias a firme disposição de defender a política do apartheid, e foi crítico feroz das mudanças políticas impostas a partir da liberação de Mandela e da realização das primeiras eleições, em 1994, em que este último foi eleito presidente.

Após terminar esta curta reflexão, concluí que talvez não teria tido pior castigo para um “velho crocodilo” do que ver gazelas passar a sua frente e não poder comê-las...

10.30.2006

O inverno se aproxima, e todos estão indo...


Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

10.25.2006

Jens Ullrich e suas "masques-collages"

Passando por acaso em frente ao Goethe-Institut, dei com a mini-exposição de Jens Ullrich. Não p conhecia antes, e fiquei com "gostinho de quero mais"... mas não encontrei muitas informações sobre ele, para além de que nasceu na Tanzânia e de que trabalha com o que chama de "masques-collages" ("sur des photos de journal noir e blanc, reflétant des scènes de la vie actuelle en Afrique, Jens Ullrich (...) a Habillé les visages de personnes representées avec des masques africains anciens qu'il trouve dans des catalogues sur l'art africain"). Gostei...

9.27.2006

“Não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa”


Atropelos, desencontros, silêncios, não-ditos.... tanto melhor!

“E só tô beijando o rosto de quem dá valor
Pra quem vale mais um gosto do que cem mil réis”

(dê um rolê, de galvão e moraes moreira)


9.24.2006

« C’est loin tout ça et au même temps c’est l’immediate » (Henri Cartier-Bresson)

Foto: Henri Cartier-Bresson
Gandhi, Matisse, Jean-Paul Sartre, Edith Piaf, mas também protagonistas anônimos, foram captados pelo registro preciso de Henri Cartier-Bresson. E quando digo “preciso” me refiro igualmente à precisão da geometria – a inquietude do olhar buscou o equilíbrio das formas que registrou, e o que depois ele mesmo brilhantemente resumiu como: “o equilíbrio entre o olhar, a forma e o coração”.

A exposição “Scrapbook”, com fotos tiradas e colecionadas por Henri Cartier-Bresson, entre os anos 1932 e 1946, num livro em forma de diário, é a “cereja do bolo” para os amantes da fotografia, e mais especificamente do fotojornalismo fundado pela geração de HCB e da Agence Magnum.

Prostitutas nos confins do México, enquadradas nas suas pequenas “janelas de trabalho”, ou o flagrante do reconhecimento de uma funcionária da Gestapo após a Liberação, tudo é lá e aqui no olhar de Bresson. Marseille, Paris, Itália, Espanha, México, Londres, Alemanha... gente de um mundo que o seu olhar questiona e nos descortina.

Pode ser agradável, ou não...

« La photo c’est une coupe au couteau » (HBC)

8.24.2006

Paris no detalhe, ou não...



Depois de quase sete longos meses em Paris, jamais havia feito programas turísticos agindo como turista... mas, de repente, ao levar minha mãe aos lugares mais visitados da cidade mais visitada, passei a ver coisas que não havia notado - a beleza do torre eifel vista de baixo, o sena na contra-luz, a estátua do De Gaulle no Grand Palais, e a do Churchil logo dobrando a esquina, a vastidão do jardin de tuileries. e aí saquei a minha máquina fotográfica, e comecei a disparar em todas as direções! agora tenho também meu olhar de turista em paris... e a cidade é bonita.

HaHaHa



num parque de diversões, no Jardin de Tuileries... talvez esteja politicamente desatualizado, mas é engraçado na mesma...

8.21.2006

Mamãe em Paris...

Xi... olha a regressão batendo! mas é isso mesmo, minha mãe chegou a Paris para me visitar, e eu estou feliz como o quê! talvez até escreva menos por esses dias - já fomos a St Michel comer crepe, passeamos na Rue St Andre des Arts, entramos nas igrejas St Sevrin e Notre Dame (haja "3 pedidos"!!! será que é cumulativo?!?), e hoje fomos andar pelo Marais, George Pompidou, Place Stravinsky... tudo de bom!
Quem quiser vir... venha!!!

8.19.2006

Salut Cuba

O título é uma alusão ao filme “Adieu Cuba”, produzido e estrelado por Andy Garcia. Tudo começa na sala de bailes e espetáculos de um grande hotel – sempre chamado Trópicos, ou qualquer coisa que o valha -, com montes de belas muheres bem vestidas e homens engravatados. No palco, um show que mesclava salsa, rumba, cha cha cha, candomblé, e todos os outros estereótipos da cultura das ilhas tropicais. Acontece um diálogo que dá a entender que o dono do lugar “se serve” de uma dançarina por dia. Depois, uma reunião de família, no escritório do mesmo hotel, para discutir a presença e a união dos seus mebros “aconteça o que acontecer” em Cuba. Há uma voz dissidente, um dos irmãos desrespeita a instituição paterna e defende a revolução... um amigo comentou comigo depois: “achei que aqueles fossem os bandidos”... e talvez o irmão desgarrado o mocinho.

Ledo engano... a aristocracia cubana é que estava do lado do bem – e como é óbvio, o que eles chamam de “fidelismo”, o mau. O povo só aparece como o vilão que vai as ruas apoiar a revolução, e destruir a “cultura” até então produzida.

Andy Gacia e sua amada – sempre linda em belos vestidos – correm para a praia em busca de algum sossego! Mas ela o trai, adere a revolução. Os revolucionários aparecem como barbados patéticos, que no dia seguinte a tomada do poder, além de matar um monte de bonzinhos, se preocupam em proibir o uso do saxofone e em fechar o cabaré do mocinho Andy Garcia... que maus que eles são! Ah, e tudo isso entre um copo de champagne e outro, pois não há nada que os revolucionários gostem mais do que de champagne...

Para quem ficou com pena do Andy Garcia – ele vai para Nova Iorque, trabalha como lavador de pratos, mas, como ele é muito talentoso, o letreiro final nos informa que ele abriu um hotel Trópico que fez enorme sucesso. Viva Cuba Libre!

Não vale nem como diversão... é só para se irritar, e ter uma crise de úlcera com as manipulações do tempo e da história.

P.S.: a melhor parte do filme, fica por conta de, vez ou outra, escutarmos a voz do cantor Bola de Nieve...

8.13.2006

Antonio das Mortes

Fomos hoje ao Espace St Michel, cinema em que está passando o filme Antonio das Mortes, de Glauber Rocha, realizado em 1969.

Claro que sabemos que não se vê Glauber Rocha impunemente, que vai mexer... e mexeu, muito. A atualidade do filme é espantosa, especialmente na transição que os personagens fazem do “bem” para o “mal”, e vice-versa. No terreno árido dos poderes e reivindicações não há maniqueísmos, todos passeiam, ao longo da vida, pelos dois lados.

E aonde estará o verdadeiro dragão?

8.09.2006

Artes Primeiras ou Primárias?











Artes primeiras ou primárias?
Segundo o Dicionário Houaiss, primeira:“inicial, que vem antes de outras”, mas também “que está no seu estado de origem, original, primitivo” ops! É do primitivo que deriva tanto contemporâneo dos primeiros tempos de uma civilização, colonização, existente nos primeiros tempos da Terra, anterior a qualquer civilização, e a tudo quanto pareça próprio desses tempos (diz-se das características, dos hábitos, da vida humana)”, quanto “cuja economia e técnica são notavelmente inferiores em relação às das grandes civilizações (diz-se de povos atuais), que não evoluiu, não se aperfeiçoou; antiquado, arcaico, atrasado”.

Da publicação “Arts et Spetacles”, No 35, abril de 1999:

“Outra novidade nesse domínio é a abertura de uma secção de artes “premiers” no Louvre. Desde dezembro de 1999, uma sala do Museu do Louvre acolherá uma centena de obras “carros-chefe” do “primitivismo”: máscara bamiléké, cabeça da Ilha de Páscoa, serpente em plumas azteca... É uma verdadeira revolução na museologia francesa, que se tem colocado desde muito tempo contra a equivalência da arte ocidental em relação às peças advindas de civilizações orais e “a-históricas”. Para os especialistas destas últimas, a criação de uma secção de artes “premiers” permitirá ao Louvre encontrar enfim “sua vocação primeira, aquela que tinha sido fixada quando da sua fundação, em 1791: ser um museu para todos os homens”.
Que o Louvre não é, e não pretende ser, um museu "para todos os homens", nós percebemos quando o visitamos. Mas porque então eles não abrem mão da coleção "Egito" em prol do Musée du Quai Branly? Pelo menos o dicurso se ajustaria à geografia...
(a tradução macarrônica é de minha autoria... para quem quiser ler o original, clique aqui).

O deserto, a dor e o boi

"Não espanta o gado a palavra
quando é boa
nem apodrece
quando exposta ao tempo...

Herdei-a sozinha
não a como assim:

o dar não molesta o braço
nem dorme com espinho a mão
que afagou durante o dia"

(Ruy Duarte de Carvalho. "Derivações, Nyaneka (22)", Da Lavra Alheia I em: LAVRA. POESIA REUNIDA. 1970/2000)

Visita ao Musée du Quai Branly - II

Em alguns casos, o Museu parece ter sido inaugurado antes de ser finalizado - há peças em que a numeração não corresponde com a legenda; ausência de peças que estão indicadas na legenda; e as legendas de identificação estão somente em francês, o que talvez não tivesse problema se não se tratasse de Paris, a cidade do mundo mais visitada por turistas.

Das placas de identificação consta um dado muito interessante de ser observado: o "doador" da obra. Há coisas maravilhosas e inacreditáveis, como o caso de uma estátua feminina Mossi doada por Helena Rubinstein, ou ainda os frutos das expedições de Marcel Griaule, entre elas a célebre Dakar-Djibouti (1931-1933), da qual também participou Michel Leiris.
Somente essa enorme generosidade poderia dar um estudo interessante...


Foto: Marcel Griaule e um Dogon

8.08.2006

Visita ao Musée du Quai Branly - I



06 de agosto de 2006 - 1o domingo do mês, quando todos os museus de Paris têm entrada gratuita, acordei cedo para enfrentar a fila do Quai Branly. O museu - considerado por muitos como a grande obra do governo de Jacques Chirac - teve seu trabalho de construção iniciado em outubro de 2001, e foi inaugurado em 23 de junho de 2006.
Nasceu predestinado, nas palavras do presidente da república, a "dar às artes da África, das Américas e da Ásia seu justo lugar nas instituições museológicas da França". Ou seja, tudo o que é produzido fora da Europa...
Na verdade, o acervo do Quai Branly é composto das coleções do finado Musée des Arts d’Afrique et d’Océanie – que já havia sido Musée des Colonies -, e do laboratório de etnologia do Museu do Homem.

Levei 4 horas para ver 2/3 da área dedica a “Afrique”. O acervo está organizado, primeiramente, em ordem “geográfica”, o que significa dizer que a procedência das peças está referenciada segundo as fronteiras atuais do continente; secundariamente pelo “tema” que representam – religioso, bélico, de sacríficio, ornamento, etc...; depois, por temas menores que levam aos grupos populacionais; e a ordem cronólogica, que por vezes indica a data de sua feitura e, por outras, a da sua recolha pelos europeus.

Sou historiadora, e essa coisa das datas fez-me enorme confusão – como colocar dois objetos juntos, quando um foi produzido no século XIII e outro no XX? Isso seria possível de ser feito se se tratasse de arte européia? Fica a pergunta, para pensarmos....

Paulo Kapela - o profeta de África


Tinha lido um texto sobre Paulo Kapela na Revue Noire - o No 29, dedicado a Angola. Pelo texto de N'Goné Fall, fiquei com a impressão de que Kapela era um grande artista, descoberto tardiamente. De fato, ele é um grande artista, mas não só... ele é um profeta, se auto-denomina assim, inclusive.
Fui lhe fazer uma visita, em setembro de 2003, quando recém-chegada a Luanda. Encontrei um homem forte, grande, e com semblante de criança. Quase não fala português, e entabulamos a conversa em algo que se assemelhava ao francês.
Disse-lhe que queria ver o que ele produzia - ele me mostrou, antes de tudo, uma vassoura e um balde... disse-me que era faxineiro da União dos Artistas Angolanos (UNAP), e que queria posar para minhas fotos em tal qualidade. Fiz as fotos...
Depois, conduziu-me pelos escombros do prédio da UNAP, um casarão na baixa de Luanda, com pé direito altíssimo e em tal estado de degradação que a mim não parecia ser possível que ele conseguisse limpar aquilo nem se tivesse 50 anos mais.
Separados os cômodos por panos armados em cortinas, iam aparecendo as profecias de Kapela. Em tudo aquilo se assemelhava a um local de culto - com altares, figuras de mortos, e de mortos-vivos também, como os heróis, esses zumbis que nos perseguem.
Não sei quantas horas estive na companhia do profeta Paulo - com o mesmo nome do Papa na altura -, mas para mim pareceu uma longa viagem. Ao fim, ele me ofereceu para comprar uns cartões com algumas pinturas suas, bastante "comerciáveis", em nada parecido com o que me havia mostrado até então. Comprei-os...

Se o problema é nosso, é porque estamos com ele


Ou, no original, como se fala em Angola: "Se é a problema ki xtamus ku ele, vamos fazer mais como, então?"
Nem conformismo, nem lamento, mas contastação. Talvez seja mesmo bom partir do princípio - admitir que o problema existe, que o temos e que estamos com ele. Depois nos desembaraçamos... ou espera-se que sim. Mas aí, já são outras histórias...